Quando se fala em Semana Santa, existem muitos mitos e dúvidas quanto à origem dos principais símbolos da data. Veja aqui o que é mito e o que é verdade.
Comer carne: não pode?
Um dos principais preceitos da Semana Santa, especialmente na Sexta-feira da Paixão, dois dias antes da Páscoa, é não comer carne vermelha ou de frango. A tradição é repassada de geração para geração, e muitos ainda mantêm o hábito vivo, substituindo o consumo da carne pelo peixe.
Viena expõe obra com mais de 40 mil ovos de Páscoa.
A origem seria a Idade Média, época na qual o consumo de carne vermelha era restrito aos nobres, e o povo associava o hábito à gula e à luxúria.
A Igreja Católica não vem adotando mais o uso do termo “proibido” quanto ao costume, o que coloca a abstinência da carne vermelha durante o período como uma escolha do fiel. No entanto, a tradição segue e há muitas famílias que ainda a praticam.
Por outro lado, se o Código de Direito Canônico do Vaticano for seguido à risca, os católicos não deveriam comer carne em todas as sextas-feiras do ano, além da Quarta-feira de Cinzas - após o Carnaval. De acordo com o documento, as sextas-feiras devem ser reservadas para a penitência dos fiéis.
A quaresma é o período de quarenta dias que antecede a Semana Santa. Seu início é marcado pela quarta-feira de cinzas, e o final acontece no Domingo de Ramos, quando começa a Semana Santa. Para a Igreja Católica, trata-se de um período de oração, penitência e caridade.
Ovos de chocolate e o coelho da Páscoa
Duas das maiores tradições atuais da celebração da Páscoa não estão ligadas diretamente à religião: o consumo de ovos de chocolate e a “existência” do coelho da Páscoa. Para entender como acabaram associados à data, vale recordar um pouco da origem da celebraçao, que, antes de ser adaptada pelo Cristianismo para relembrar a ressurreição de Cristo, era uma festa judaica referente à saída dos judeus do Egito.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (ABICAB) os ovos de galinha eram coloridos para celebrar o fim do inverno durante o início da primavera no Hemisfério Norte
O ovo era considerado por egípcios e gregos como o símbolo da fertilidade. Para estes povos, era uma tradição colorir ovos de galinha para comemorar diferentes datas do calendário.
A introdução dos símbolos na cultura cristã aconteceu a partir do Conselho de Nicéia, em 325 d.C, quando também se estabeleceu a data da Páscoa. À época, havia a preocupação constante em aumentar o número de fiéis, e a alternativa encontrada foi adotar tradições e símbolos de outras culturas.
Não há consenso, contudo. A Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (ABICAB) cita versão que aponta para a comemoração do início da primavera no Hemisfério Norte, época na qual ovos de galinha eram coloridos para celebrar o fim do inverno.
Já o coelho da Páscoa, assim como o ovo, é visto como uma representação da fertilidade. Para os povos antigos, a figura do animal simbolizava a vida e a preservação da espécie. Segundo a ABICAB, a tradição foi trazida para o Brasil por imigrantes alemães, entre o final do século XVII e o começo do século XVIII.
Uma Páscoa só brasileira
As famosas parreiras de Páscoa dos supermercados brasileiros, que são utilizadas para exposição dos ovos de chocolate, só existem por aqui. Conforme dados da ABICAB, a iniciativa surgiu em 1956, juntamente com os primeiros supermercados do país, em função da falta de espaço para colocação dos produtos de Páscoa na época. Outro objetivo da ação era dar mais destaque para os ovos de chocolate aos olhos do consumidor.