Fumar representa um fator de risco associado a diversas doenças. Acredita-se que uma em cada cinco mortes de homens e uma em cada dez mortes de mulheres está associada ao fumo. Apesar disso, estudos apontam que o tabagismo segue ganhando espaço nos países de rendimento médio e baixo, como a maioria dos latino-americanos. Mesmo que o cigarro traga consigo inúmeros riscos à saúde, abandonar esse hábito a tempo pode evitar o aparecimento de muitas doenças e ainda fazer com que a expectativa de vida do indivíduo seja igual à que ele teria se nunca tivesse fumado.
O cigarro contém substâncias tóxicas que atuam sobre o tecido endotelial, aquele que recobre veias e artérias. Essas toxinas diminuem o poder que elas têm de se dilatar, aumentando a pressão arterial e acelerando o processo de acúmulo de gordura e outros compostos dentro das artérias. Fumar de um a quatro cigarros por dia aumenta o risco de morte por patologia cardiovascular. Apenas 20 minutos depois de deixar de fumar a pressão arterial diminui ao valor anterior à primeira tragada, e a temperatura das mãos e dos pés se normaliza.
A queima do cigarro produz monóxido de carbono, uma substância tóxica capaz de causar danos irreversíveis ao organismo. O efeito daninho provocado por esse gás se deve a sua capacidade de diminuir os níveis de oxigênio presente nos tecidos corporais. O oxigênio é transportado para todo o corpo através dos glóbulos vermelhos em uma molécula chamada de hemoglobina. O monóxido de carbono tem 240 vezes mais afinidade com a hemoglobina que o próprio oxigênio: se uma pessoa fumar, estará mais propensa a desenvolver disfunção pulmonar e problemas relacionados com a falta de oxigênio. Oito horas depois de parar de fumar, os níveis sanguíneos de monóxido de carbono diminuem.
Fumar aumenta consideravelmente os riscos de morte por cardiopatia isquêmica ou enfarto cardíaco. Estima-se que 29% das mortes por problemas cardíacos estejam relacionadas ao hábito de fumar. Os fumantes passivos, ou seja, aquelas pessoas que inspiram a fumaça do tabaco mesmo sem fumar, apresentam 25 a 30% mais risco de sofrer com uma doença coronária. Caso elas se exponham à inspiração de 20 cigarros por dia, algo comum quando se vive com fumantes, esse risco aumenta para quase aproximadamente 60%. 24 horas depois de parar de fumar, o risco de enfarto cardíaco começa a diminuir.
O cigarro estimula a aterogênese, que aumenta a probabilidade de que um trombo (coágulo móvel) seja gerado e, ainda, de que um acidente vascular cerebral (AVC), uma falha renal ou um enfarto cardíaco se desenvolvam. A fumaça do cigarro antecipa em dez anos a probabilidade de se desenvolver uma trombose nas artérias coronárias, se compararmos com os não fumantes. Se os trombos forem produzidos nas veias das pernas, é muito provável que cheguem aos pulmões, causando risco de morte. Nos primeiros três meses, quando se deixa de fumar definitivamente, a circulação melhora e a função pulmonar aumenta em até 30%.