A fumaça do cigarro nas vias respiratórias produz inflamação e destruição celular, além de aumentar o que se conhece como "estresse oxidativo". Por outro lado, a capacidade de reparação alveolar fica diminuída, o que faz com que apareçam com maior frequência patologias respiratórias como asma, bronquite crônica e câncer de pulmão, dentre outras. Durante os nove primeiros meses depois que se deixa de fumar, reduz-se a frequência de tosses, o congestionamento nasal, a fadiga e a dispneia, ou dificuldade de respirar. Além disso, algumas das células pulmonares recuperam sua função normal, principalmente aquelas encarregadas de limpar o sistema respiratório.
O hábito de fumar causa danos ao coração de diversas formas. A frequência cardíaca aumenta, a dilatação das artérias é reduzida, a pressão arterial sobe, a frequência de espasmos nas artérias do coração aumenta, o endotélio cardíaco é danificado e ainda aumentam a coagulação dentro das artérias e o nível de colesterol. O fumo também interfere no funcionamento dos medicamentos que tratam o coração em pacientes com doenças cardíacas. Um ano depois de parar de fumar, o risco de sofrer um ataque cardíaco se reduz pela metade.
O risco de se ter um acidente vascular cerebral (AVC) diminui cinco anos depois de abandonar o fumo. As plaquetas são as células do sangue encarregadas de formar coágulos quando o organismo se fere, e se esses coágulos se desprenderem e obstruírem as artérias cerebrais, é possível que se desenvolva um AVC. Diz-se que fumar dois cigarros aumenta a função das plaquetas em aproximadamente 100 vezes e, por isso, não é raro que fumantes venham a óbito decorrente de infartos cerebrais ou, ainda, que fiquem com sequelas.
O cigarro contém mais de 4.000 substâncias químicas, muitas delas cancerígenas, dentre as quais o alcatrão é uma das mais danosas. Essas substâncias causam diversos tipos de câncer. Acredita-se que o cigarro esteja associado a mais de 16 variedades da doença. Dez anos depois de abandonar o hábito de fumar, o risco de morte por câncer de pulmão é reduzido pela metade, em comparação a um fumante. Também diminui o risco do câncer de boca, de bexiga, de garganta, de esôfago, de pâncreas e de rins.
Depois de 15 anos sem fumar, o risco de desenvolver uma doença cardiovascular equivale ao mesmo de uma pessoa não fumante. Isso é inversamente proporcional à idade em que se abandonou o hábito, ou seja, o grupo com maiores benefícios será o das pessoas que deixaram de fumar definitivamente ainda jovens e que não apresentem sinais de doença no momento do abandono.
Há diversas terapias para quem quer parar de fumar. Algum tempo atrás, a Universidade Adventista de Loma Linda, nos Estados Unidos, juntamente com outros estabelecimentos educativos, desenvolveram um plano para deixar o fumo em cinco dias. Existem também terapias farmacológicas, como a bupropiona e a substituição nicotínica, que vai desde adesivos cutâneos até chicletes contendo nicotina. Para algumas pessoas, uma combinação dos dois métodos é o suficiente, mas outras talvez precisem recorrer a algumas ou todas as ferramentas disponíveis. Consulte o seu médico para obter mais informações.