Antes de começar pense seriamente em algumas questões, pois o que e como comemos está diretamente relacionado ao como vivemos.
1. Para você, comer está ligado à ansiedade ou não?
2. Você já se deu conta de que alguns alimentos lhe fazer sentir bem por alguns minutos e mal por algumas horas?
3. Comer e beber estão sob seu controle? Você consegue parar na hora que quer?
4. Há correlação entre a maneira como você se alimenta e a maneira como se relaciona com os outros?
5. Você realmente senta para comer e pensa no que está comendo?
6. A maneira como você se alimenta está afetando seu estado de ânimo e sua qualidade de vida?
7. Você se preocupa com a quantidade dos alimentos que come?
Um
dos maiores problemas da vida moderna é o controle do peso corporal e
raramente identificamos o principal culpado: nossas próprias escolhas de
alimento. Para manter a cortina de fumaça que embota nossa percepção,
há ainda uma indústria que lucra bilhões de dólares com produtos e
serviços que tentam resolver esta questão prometendo uma saída fácil.
A
imagem corporal que apresentamos aos outros reflete como nos sentimos
internamente e qualquer processo de recuperação da saúde passa por uma
mudança em nossa aparência. Isso significa que não dá para parecer
saudável sem ser realmente saudável.
Algumas
pessoas fingem estar bem com seu peso corporal e sua aparência física e
alegam que seu verdadeiro valor está no interior. Isso até pode ser
verdade, mas pesquisas com pessoas obesas mostram que elas gostariam de
perder peso e se mostram frustradas com o fracasso de dietas
miraculosas. Mas, mesmo que alguém prefira manter seu excesso de peso,
os maiores índices de mortalidade entre os obesos mostram que esta não é
a maneira sensata de se pensar. A alimentação e os exercícios físicos
deveriam ser a principal escolha terapêutica para controlar o peso.
Transforme-se num comedor consciente
Comer
conscientemente é estar atento a todas as dimensões do que significa o
ato de comer: a mente, o corpo, os pensamentos e as sensações. É estar
consciente do por que você esta comendo? Está com fome? Cansado?
Aborrecido?
Aprender
COMO e POR QUE comer é muito mais do que seguir um cardápio ou um plano
dietético. É estar em íntimo contato com o que você está colocando para
dentro de seu corpo e perceber todas as sensações que acompanham o ato
de se alimentar.
Os hábitos que acompanham um comedor consciente incluem:
1. Atenção:
estar atento às sensações, o gosto na língua, a textura, o cheiro dos
ingredientes, sentir a comida descendo pelo esôfago e chegando ao
estomago...
2. Aceitação: estar apto a mudar antigos hábitos, experimentar novos sabores...
3. Não julgar: não se sentir culpado ao comer algo fora do padrão, não criticar os outros pelas escolhas diferentes da sua...
4. Serenidade:
ter tempo para mastigar, respirar pausadamente, evitar falar demais
enquanto come, não se importar com as observações dos outros sobre suas
escolhas...
5. Momentaneidade: colocar-se no momento presente, comer sem pensar no passado ou futuro...
6. Desapegado: não ficar tentado a escolher o melhor pedaço, nem comer toda a comida no prato só por que é seu prato preferido...
7. Observador: observe a cor, a apresentação da comida, o ambiente a sua volta...
Ao comer, o comedor consciente se faz, automaticamente, algumas perguntas:
À Mente:
numa escala de 1-10, quão atento estou neste momento? Estou degustando
cada mordida ou simplesmente engolindo a comida? Que som é emitido a
cada mastigada? Quais os aromas e sabores que são liberados a cada
garfada? Essas perguntas ajudam a prestar atenção ao que você está
fazendo, identificando se está desatento e trazendo-o de volta ao
momento presente.
Ao Corpo: ouça
seu corpo: você ouve quando ele pede para parar ou ignora esta mensagem
e mantém sua programação inicial? Qual sua postura enquanto come?
Tenso? Alguma dor? Está sentado adequadamente? Como você se sente depois
de comer? Energizado? Desanimado? Aprenda a distinguir entre fome
emocional e fome real.
Às Sensações: Ao começar a comer que
sensações você sente? Culpa, ansiedade, conforto, desconforto,
prazer... Fique atento às suas emoções, pois algumas vezes elas são mais
importantes do que o tipo de alimento que você está comendo.
Às Pensamentos: Fique atento a eles. Observe padrões do tipo devia e não devia, negativos (sou tão gordo, não consigo parar de comer ou beber), regras e contagem de calorias, comida boa ou ruim... Pensamentos vêm e vão; deixe-os passar e evite respondê-los.
Um
treinamento básico é escolher um alimento de que gosta; qualquer um. Se
puder pegá-lo com a mão, sinta a textura na ponta dos dedos, se é
gorduroso, salgado, macio. Coloque na boca e sinta o contato com a
língua antes de mastigá-lo. Perceba a ação dos dentes esmagando o
alimento e ouça o barulho emitido a cada mastigada. Perceba o alimento
descendo pela garganta e chegando ao estômago. Se fizer isso com vários
outros alimentos reaprenderá que o ato de comer é um ato muito maior do
que simplesmente adquirir nutrientes.
Em vez de sensações de culpa, o reaprendizado passa por aceitar nossas dificuldades, sendo assertivos em nossas afirmações.
· Eu
aceito que minha maneira de me alimentar e meu peso corporal estão
provocando desconforto físico, emocional e que minha vida está em risco.
· Eu escolho aceitar meu corpo neste exato momento.
· Aceitar a mim mesmo é uma escolha que somente eu posso tomar.
· Eu aceito que minha herança familiar (genética e/ou comportamento) influencie a forma de meu corpo.
· Eu aceito como é importante comer conscientemente para poder viver uma vida plena e saudável.
· Aceitar meu corpo como está hoje não significa que eu o considere perfeito.
· A aceitação nasce dentro de mim. Eu não a procuro fora.
· Eu aceito que minha dignidade não está refletida em meu peso e forma corporal, mas que é determinada pelo que eu sou.
· Eu aceito as mensagens sociais e culturais sobre meu peso e minha forma corporal, mas as rejeito sem julgamento de valor.
Dicas úteis
Um dos mitos enraizados em nossa mente é de que comer e beber
traz felicidade. Não há dúvida que a comida e a bebida estão ligadas à
celebração, mas o ato cotidiano de se alimentar é rotineiro e,
frequentemente, desatento. O prazer relacionado à comida e à bebida dura
alguns segundos e é substituído rapidamente por sensações de culpa,
pensamentos negativos e sensações corporais desagradáveis.
Os pecados mais comuns – e que devem ser evitados – são:
· Comer fazendo outras coisas ao mesmo tempo (ver TV, computador, ler, dirigir, falar ao telefone).
· Comer durante o tempo todo, ou seja, “pastar a comida”.
· Pular refeições rotineiramente.
· Ignorar os sinais do corpo (fome, saciedade, perda de energia).
· Continuar a comer até se fartar.
· Tornar-se membro do “clube do prato limpo”.
· Esquecer-se de suas necessidades nutricionais
· Fingir que não está sentindo sintomas físicos de comer demais ou de menos.
· “Viver para comer” em vez de “comer para viver”
· Usar alimentos confortáveis (empacotados, de micro-ondas, shakes).
· Acreditar que você não tem controle sobre sua vida.
Enfim, comer conscientemente
significa estar atento ao seu corpo, mente, pensamentos e sensações
enquanto come. Significa estar em consonância com suas necessidades
nutricionais, saber escolher sabiamente que alimentos cuidam de sua
saúde e quais arruínam sua vida. Envolve também a aceitar suas
limitações momentâneas, seu peso e forma corporal, não julgar a si
mesmos e ouvir sem reagir o julgamento dos outros.
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