Em um estudo baseado em imagens de ressonância magnética, exame utilizado para detectar lesões no cérebro, os investigadores do Brigham and Women's Hospital, em Boston, descobriram que a Esclerose Múltipla pode ser mais ativa na primavera e no verão.
“Notamos um crescimento significante no nível de atividade da doença nesse período do ano em comparação com épocas mais”, revela um dos autores.
Aproximadamente 400 mil pessoas sofrem de EM nos Estados Unidos, segundo dados da Sociedade Nacional da Esclerose Múltipla. No mundo, já somam mais de dois milhões de pessoas afetadas pela doença.
A causa exata da EM ainda é desconhecida, mas a medicina a define como uma doença autoimune. Nela, o sistema imunológico do corpo, sofre uma espécie de miopia e, por engano, destrói as células saudáveis em vez de combater as doentes.
Questões ambientais e até mesmo geográficas podem estar relacionadas à EM. A falta de vitamina D (nutriente primeiramente produzido pela pele, quando em contato direto com o sol) também estaria diretamente ligada à doença.
Dados da Sociedade Nacional de Esclerose Múltipla dos EUA revelam que a incidência da doença é marcante em regiões mais distantes do Equador. Baixos níveis de vitamina D também podem elevar os riscos de desenvolver a EM.
O estudo mapeou 939 imagens do cérebro de 44 pessoas com Esclerose Múltipla a partir da área de Boston. Na época do estudo (1991 a 1993), os voluntários não receberam qualquer tratamento para a doença. Cada pessoa tinha uma média de 22 exames durante o período do estudo.
Os pesquisadores também coletaram informações sobre a temperatura diária, radiação solar e precipitação da região. Depois de um ano, 310 novas lesões cerebrais foram encontrados em 31 pessoas. Os restantes 13 voluntários do estudo não desenvolveram novas lesões durante o período.
Segundo os autores, de março a agosto, a ocorrência de novas lesões foi de duas a três vezes mais elevada em relação ao outono e ao inverno. Eles também descobriram que as temperaturas mais quentes e a radiação solar foram associadas à atividade da doença. A chuva não foi associada a novas lesões.
"O ambiente foi, por muitas décadas, relacionado ao desenvolvimento da enfermidade. Agora, aqui está outro elemento de prova", disse Anne Cruz, professor de neurologia na Universidade de Medicina de Washington, em St. Louis.
"A grande questão, claro, é se a primavera e o verão são as épocas responsáveis pelo aparecimento de novas lesões. Essa é uma das possibilidades”, afirma Nicholas LaRocca, vice-presidente de cuidados de saúde prestados e política de investigação para o Sociedade Nacional de Esclerose Múlplia dos EUA.
No entendimento de LaRocca, uma vez que o calor tem um efeito sobre os sintomas da doença, as temperaturas mais quentes, talvez, poderia ter um efeito sobre a atividade da EM.
A outra questão intrigante, segundo o especialista, é que, apesar de novas lesões tenderem a aparecer na primavera e no verão, isso não significa que um agente causal está operando naquele momento.
“Poderia ser algo acontecendo antes dessas estações que leva um tempo para se manifestar. No outono e no inverno, há menos exposição à luz ultravioleta, por isso há menos vitamina D. Além disso, no outono e inverno, há maior exposição a infecções virais. Ou, talvez, seja a dieta. As pessoas podem comer coisas diferentes em épocas diferentes", questionou LaRocca.
Ele acrescenta que este estudo servirá como gerador de ideias e abrirá caminho para novas pesquisas que possam fornecer pistas adicionais sobre as causa da EM. Para as pessoas que vivem com a doença, Cruz sugeriu certificarem-se de que os seus níveis de vitamina D estão dentro da faixa ao longo do ano e obterem uma vacina inativada contra a gripe a cada ano.
LaRocca disse que durante os meses mais quentes, as pessoas com EM devem tomar medidas para evitar o calor, porque as temperaturas mais elevadas podem agravar os sintomas.
É útil desenvolver estratégias para lidar com o clima quente, disse ele. "Certifique-se de que você tem ar condicionado e tente evitar atividades intensas durante as partes mais quentes do dia."
Nenhum comentário:
Postar um comentário