E de um segundo para o outro uma onda de sensações percorre todo o corpo: frio na espinha, olho arregalado, batedeira no peito, pele pálida, etc… . Mas pra quê tudo isso? Vamos entender melhor essa complexa sequência de eventos que toma nosso corpo quando ficamos assustados.
“O susto é um evento biológico intenso e hiperagudo. O cérebro percebe algo inesperado que exige uma conduta imediata de colocar o corpo em um estado de luta ou fuga. Para tal participam regiões cerebrais profundas relacionadas ao sistema límbico (emoções), além de hormônios que circulam pelo sangue, entre eles a famosa adrenalina”, explica Leandro Teles, médico neurologista.
O susto gera mudanças físicas e psíquicas. Fisicamente ocorre aumento da pressão arterial e taquicardia (batedeira no peito). O sangue, por sua vez, é direcionado principalmente para os músculos e o cérebro, deixando a pele fria e pálida. Ocorre retração das pálpebras (olho arregalado) e as pupilas se dilatam, isso para aguçar a visão, mesmo que se perca a percepção dos detalhes. Muitos músculos se contraem de maneira preventiva e involuntária, gerando trancos e sobressaltos. O rosto também muda, surgem caretas, a boca fica entreaberta e muitas vezes acontece um grito possivelmente na intenção de chamar instintivamente ajuda. Os pelos do corpo ficam eriçados, alguns antropólogos acreditam que seja uma herança genética dos grandes primatas, que parecem maiores e mais amedrontadores quando eriçam seus pelos.
Psiquicamente podem surgir diversas sensações, a depender da situação em que ocorreu o susto. Geralmente surge um medo agudo seguido de raiva, ansiedade ou vontade de chorar, mas podem surgir, após o susto inicial, prazer e vontade de rir. Tem gente que até busca um bom susto, premeditadamente, como quando assistimos filmes de suspense ou terror, ou em algumas atrações de parques de diversões.
O interessante é que a resposta fisiológica (física e mental) na hora do susto ocorre da mesma maneira seja uma ameaça real (um assalto, um tiroteio, um acidente, etc…), seja uma brincadeira qualquer (como quando um amigo se escondeu atrás da porta). Segundo o neurologista: “A resposta do corpo antecede e muito a compreensão exata da situação, por isso na grande maioria das vezes exageramos na dose e nos assustamos com eventos inócuos”.
Portanto, o susto tem sua razão evolutiva de ser, ocorre para a eventual hipótese de ocorrer uma situação de risco imediato que necessite de uma pronta resolução. De modo geral levar sustos não faz mal à saúde, salvo em pessoas muito emotivas ou com problemas cardíacos graves.
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