De origem genética, o sorriso funciona como uma assinatura pessoal e intransmissível, porém muda ao longo da vida e esconde alguns mistérios.
Há muitos pesquisadores, dentre quais psicólogos, que se dedicam a estudar e compreender os mecanismos que dão vida ao nosso rosto e desvendar os segredos dos traços e emoções. Um deles é Freitas-Magalhães, doutor em psicologia, português que se dedica ao estudo da expressão facial há mais de 20 anos. Ele explica que o sorriso é identificado por dois aspectos essenciais: estrutura e funcionalidade. A primeira diz respeito ao conjunto de músculos necessário para a exibição do sorriso no rosto, a segunda à construção cerebral e à utilidade neuropsicológica prática do sorriso.
Existem três tipos de sorriso: o fechado, o superior e o largo, em contraste com a face neutra. No sorriso largo os lábios estão separados, há elevação das comissuras labiais e exibição das fileiras dentárias. O rosto apresenta alterações fisiológicas significativas e movimento dos músculos. No sorriso superior também temos os lábios separados e a elevação das comissuras labiais, mas exibe-se apenas a fileira dentária superior e o rosto sofre alterações mas o movimento é menos intenso. No sorriso fechado temos os lábios juntos, elevação das comissuras labiais sem exibição dentária, o rosto não apresenta alterações significativas e o movimento muscular é reduzido.
O sorriso é inato. Por exemplo, os cegos de nascença nunca viram um sorriso e conseguem sorrir. Recentemente com o auxílio da ecografia tridimensional já é possível verificar o sorriso do feto. Não é pacífica, ainda, a explicação da função daquele sorriso.
Quanto à alimentação e o sono, o sorriso tem uma função biopsicológica essencial. Já imaginou se o bebê apenas chorasse? Os pais iriam pensar que estava sempre em desconforto.
É pelo sorriso que se cria um processo de vinculação e de recompensas interpessoais. O bebê, mais do que ninguém, sabe tirar proveito da exibição do sorriso.
O que pode condicionar a expressão de um sorriso?
O gênero, a idade e o contexto social. Por exemplo, as mulheres sorriem mais frequente e intensamente do que os homens; o sorriso é mais comum e intenso na idade reprodutiva e o contexto social pode inibir a exibição do sorriso.
Em determinados contextos põe-se no rosto um determinado sorriso, nem sempre o mais adequado.
O ato de sorrir pode contribuir para nos sentirmos mais felizes
O sorriso pode ajudar na recuperação de pessoas depressivas. O contato com imagens positivas, como por exemplo o sorriso superior e largo, potencializa o fortalecimento de pensamentos positivos.
A que sinais devemos estar atentos para distinguir um sorriso autêntico?
Em primeiro lugar, não é preciso estar atento. O córtex cerebral é exímio e, ao primeiro contato, detecta logo que o sorriso não é congruente.
Por outro lado, há aspectos que identificam claramente as diferenças entre um sorriso falso e um verdadeiro: a assimetria do rosto, os defeitos electromiográficos (da atividade neuromuscular), o sistema de exibição tipo «pisca-pisca», a ausência das chamadas ruguinhas junto aos olhos, ou, as incongruências no orbicularis oculi (movimento de elevação da bochecha e de enrugar a pele em torno dos olhos) e do intradiscurso (o que está a ser dito).
Diferenças no gênero do sorriso
O sorriso não é um exclusivo feminino, mas é imanente à mulher. A mulher sorri mais frequente e intensamente, embora, em inúmeras vezes o faça mais em tensão do que em descontração.
A sociedade exige que a mulher seja agradável, daí a exibição do sorriso como sinal dessa conduta.
Diferenças entre o sorriso feminino e o masculino
A mulher utiliza-o mais como argumento de sedução, enquanto o homem o faz para delimitar o seu desejo de dominação. Por outro lado, a mulher é mais espontânea enquanto o homem é mais racional na exibição do sorriso.
Um rosto pode exibir mais de dez mil expressões.
As mais frequentes são as emoções básicas (alegria, tristeza, cólera, medo, desprezo e aversão) porque são o reflexo do que fomos, somos e seremos.
Que emoções são difíceis ou mesmo impossíveis de ocultar?
Todas. Quando mais se tenta ocultar, mais se revela. Há movimentos musculares que estão fora do controlo voluntário.
A nossa expressão facial pode mudar ao longo da vida?
Pode e muda. O rosto é o palco da nossa vida. Até naquelas pessoas que mostram aparentemente quase sempre a mesma expressão, tal não passa disso mesmo (aparência). Enquanto se vive o rosto é o espelho desse movimento.
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