segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Glúten pode engorda?

O  glúten  é  um  tipo  de  proteína  ou  fração  protéica  presente  nos  seguintes alimentos:  trigo,  centeio,  cevada  (malte)  e  em  menor  quantidade  na  aveia. Muito se fala do glúten devido a sua ação maléfica na doença celíaca, na qual as prolaminas (fração tóxica para os celíacos – no caso do trigo é a gliadina; no centeio é a secalina; na cevada ou malte é a hordeína e na aveia a avenina) começam um processo inflamatório no intestino, destruindo as microvilosidades deste órgão, fazendo com que os nutrientes não sejam absorvidos adequadamente e causando uma desnutrição severa no celíaco.

Porém,  na  Nutrição  Funcional,  estudamos  muito  o  potencial  alergênico  de certas  proteínas,  como  o  glúten,  por  exemplo.  Proteínas  de  difícil  digestão  e com  um  potencial  alergênico  alto  propiciam  um  aumento  na  produção  de substancias  inflamatórias  no  intestino,  fazendo  com  que  esse  perca  sua integridade,  ou  seja,  suas  células  que  deveriam  ser  juntinhas  e  só  deixasse passar nutrientes em suas menores formas (glicose ou aminoácido ou ácidos graxos), deixa passar moléculas maiores e mal digeridas, fazendo com que o sistema imune reaja a essas moléculas, causando mais inflamação no corpo.

Voltando  para  a  matéria.  Uma  pesquisadora  de  Belo  Horizonte,  fazendo  um estudo  com  ratinhos  ingerindo  uma  dieta  igual  em  calorias,  com  a  mesma quantidade  de  gordura,  porém  com  um  grupo  consumindo  uma  dieta  com glúten e outro grupo uma dieta isenta de glúten, foi observado que o grupo que consumiu glúten teve um aumento de peso 25% maior do que o grupo que não consumiu glúten. E ainda tem mais, os ratinhos que consumiram glúten tiveram um  aumento  na  gordura  abdominal  ou  visceral  (perto  dos  órgãos),  que  é  a gordura mais perigosa, pois altera o funcionamento adequado dos órgãos.

A pesquisadora continuará seus estudos para verificar como o glúten ocasiona isso,  porém,  tenho  minha  opinião  sobre  como  isso  acontece.  Se  ocorre  tudo aquilo que descrevi acima, sobre o glúten aumentar a produção de moléculas inflamatórias  no  organismo,  esse  aumento  da  inflamação propicia uma maior deposição de gordura, como uma defesa natural  do organismo, de sobrevivência.

Imaginem a seguinte situação: um paciente na UTI, com uma inflamação aguda ou  muito  exacerbada,  com  grande  quantidade  de  moléculas  inflamatórias  no organismo.   Para   sua   sobrevivência   o   organismo   libera   hormônios   para começar a deixar o metabolismo mais lento, para utilizar somente o necessário de  calorias  para  sobrevivência  e  começa  a  estocar  gordura  para  ter  energia nesse estresse que está passando.

Pensemos   agora   numa   situação   menos   aguda,   mais   dentro   de   nossa realidade.  Se  consumimos  alimentos  que  aumentem  a  inflamação  no  nosso corpo  (somados  com  a  poluição,  plástico,  metais  pesados,  ar  condicionado, bactérias,  fungos,  agrotóxicos,  corantes,  conservantes,  adoçantes,  etc.  etc. etc.), porém em uma velocidade mais lenta, mais cronicamente, ao longo dos anos, vamos fazendo esse mesmo processo, porém menos acentuado, só que acumulativo, aumentando a quantidade de gordura corporal que, por sua vez (estudos hoje já demonstram que o tecido adiposo ou de gordura é um órgão endócrino,  que  produz  hormônios  e  moléculas  inflamatórias),  produz  mais moléculas  inflamatórias,  virando  um  ciclo  vicioso,  no  qual  a  pessoa  não consegue emagrecer, mesmo consumindo uma baixa quantidade de calorias.

Por   isso,   sempre   digo,   vamos   priorizar   a   qualidade   da   alimentação.   É necessário  conhecer  e  reconhecer  os  alimentos  que  poderiam  gerar  mais inflamação  no  organismo.  E  também,  o  nosso  intestino  deve  estar  íntegro  e saudável, diminuindo assim muitos processos inflamatórios.

O ideal é ter uma alimentação rica em alimentos antiinflamatórios, como: frutas, verduras, castanhas, cereais, peixes marinhos (óleo de peixe), azeite de oliva, chá verde e oliveira. Mais especificamente, frutas vermelhas, como uva, mirtilo, cramberry,  etc.  E  evitar  os  alimentos  que  aumentam  a  inflamação,  como: excesso de carne vermelha, doces e/ou carboidratos de alto índice glicêmico, ou seja, que aumentem muito rápido o açúcar no sangue, gordura saturada e excluir a gordura trans da alimentação.

Vejam bem, não quero ser radical. O importante é não consumir o glúten todos os  dias,  várias  vezes  ao  dia. E  sim  ter  uma  alimentação  variada,  sem monotonia,  com  diferentes  nutrientes  para  deixá-la  cada  vez  mais  rica  em vitaminas, minerais e compostos bioativos, sendo assim anti-inflamatória.

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